Secretária de Assistência Social de Cassilândia revela novos projetos que já estão saindo do papel

Por Maria Lúcia Fernandes 30/08/2021 - 12:58 hs
Foto: Cínthia Schmidt

Carmem Montelo está à frente da Secretaria de Assistência Social de Cassilândia desde o mandato anterior e agora colhe os frutos do trabalho plantado nos últimos 4 anos. “No primeiro mandato a gente arrumou a casa e, agora, na segunda gestão, estamos colocando tudo para caminhar”, disse a secretária durante entrevista para o Jornal Cassilândia em que contou sobre os projetos que estão saindo do papel e que trarão mais autonomia para os munícipes atendidos pelo SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Confira!

Com uma vida dedicada à Educação, Carmem ingressou como professora na Escola Estadual Rui Barbosa, na Vila Pernambuco, e saiu de lá aposentada 25 anos depois, tendo vivido 20 deles como diretora da escola, antes de assumir o cargo de gestora da pasta de Assistência Social, a convite do prefeito Jair Boni. E é daquelas pessoas que gostam de, literalmente, colocar a mão na massa e fazer o bolo crescer.

“A gente esteve andando, buscando novos projetos, e não tenho nenhum constrangimento em dizer que estamos copiando projetos que estão dando certo em outras cidades”, revelou Carmem, citando recente visita ao município de Ribas do Rio Pardo (MS), onde buscou referências para implementar em Cassilândia.

Conferência municipal - Mas outra fonte importante para o levantamento de novas propostas foi a 13a. Conferência Municipal de Assistência Social, evento que acontece a cada 4 anos e desta vez foi realizado de forma totalmente online, no dia 12 de agosto. “Ela vem para dar um norte para questões e ações que já estão em andamento, aprimorar, tirar os déficits e inserir novos projetos”, destacou a secretária.

“Quando falamos em assistência, lembramos muito do papel da assistente social e da psicóloga, mas é um processo que envolve todos os trabalhadores do SUAS”, lembrou Carmem. E a conferência é o momento em que tanto os profissionais quanto as famílias beneficiadas, têm a oportunidade de colocar suas demandas e solicitar mudanças nas políticas sociais e benefícios. “Os usuários do cadastro único têm muita voz ativa nesse momento”.

Hoje, a secretaria reúne cerca de 70 profissionais, englobando, além do órgão gestor, o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, o Criança Feliz e o mais recente projeto Aconchego, um espaço para acolhimento de pessoas em trânsito, moradores de rua, “a maioria viciados em drogas e álcool”, predominantemente homens.

“Estamos começando esse projeto agora e já temos 15 usuários. Como o frio pegou muitos de surpresa, convidamos alguns moradores de rua para saírem das pontes e os acolhemos aqui”, contou. Além de um lugar para dormir, os usuários também recebem alimentação no café-da-manhã, almoço e jantar. “Tem muitos ainda que vivem nas ruas, que não aceitam vir. É um trabalho de formiguinha”.

Pra quem realmente precisa - é considerada um município de pequeno porte 2 e, atualmente, assiste cerca de 2.500 pessoas, o que indica que mais de 10% da população vive na linha da pobreza ou abaixo dela. “Não são atendimentos contínuos. Estes temos uma média de 150 a 200 atendimentos”, revela a secretária, que faz questão de ressaltar que o limite para o ingresso nos programas sociais municipais é ter renda per capta de até ¼ de salário. “Temos aqui em Cassilândia cerca de 200 famílias em condições de extrema pobreza”.

Por esse motivo, Carmem faz questão de enfatizar: “As pessoas precisam ter consciência que, quando elas vêm buscar assistência e recebem um ‘não’, não é por que não queremos ajudar, mas é que naquele momento não podemos, ou vamos deixar outros que precisam muito mais”.

Colapso na pandemia - Um dos grandes desafios de Carmem à frente da secretaria foi, sem dúvida, a pandemia. “Houve momentos em que a assistência social estava pior do que a saúde, o colapso foi muito grande, as pessoas não tinham muita informação, estavam sem recursos, muitas trabalhadoras domésticas foram demitidas, tivemos situações complicadas para resolver”, relatou. Mas a secretaria também recebeu incentivos do governo federal e apoio municipal. “Temos um gestor (Jair Boni) que tem uma visão muito ampla das políticas sociais. Conseguimos, na medida do possível, atender a todos, não deixamos a peteca cair, como dizem”, argumentou.

No entanto o cenário foi avassalador. Carmem lembrou de famílias que tiveram grandes perdas, mais de uma pessoa de uma única vez, e como foi necessário fazer um esforço conjunto para ampará-las.

“Ano passado também recebemos muitos migrantes, venezuelanos que vieram para Cassilândia e que estão sendo atendidos e também temos uma família indígena”, relata.

Agosto Lilás contra a violência doméstica - “Temos várias campanhas para serem desenvolvidas durante o ano inteiro e todas as cores do arco-íris para nomear. Mas independente de campanha é importante destacar que o CREAS é um órgão especializado para atendimento em casos de violência doméstica, abuso sexual e qualquer outro tipo de abuso”, orienta Carmem, indicando que mulheres que sofreram algum tipo de violência podem procurar diretamente este órgão e em qualquer momento.

Inovações - Passado o período mais crítico da pandemia, a secretaria se prepara para colocar em ação novos projetos. Um exemplo é o programa Zelar, que já foi instituído pelo prefeito e vai atender cerca de 50 crianças, do seu nascimento até completarem 2 anos de idade, com um cartão de crédito destinado ao abastecimento de fraldas. “Teremos também um trabalho de conscientização, por meio das assistentes sociais e da psicóloga, para orientar a mãe no momento do desfralde”.

Limitado a 250 famílias, o programa Víveres é outro projeto que já foi aprovado e está em vias de ser implementado, para organizar melhor a distribuição de alimentos. Entrará em substituição ao atual Leite e Pão. “Hoje temos três pontos de entrega de leite e pão, mas a mãe precisa de desdobrar para ir ao local, no dia e na hora certa, ou corre o risco de ficar sem. Com o Víveres, ela receberá um cartão de crédito cadastrado em seu CPF que poderá ser utilizado nos supermercados credenciados. Ela poderá comprar a qualquer hora e qualquer alimento que necessite. Só não poderá comprar bebida alcóolica. Esse benefício será contínuo até a criança completar 6 anos de idade. Evoluímos demais com esse cartão”, comemora a secretária, que diz que só está esperando a empresa responsável enviar os cartões para começar a distribuição.

Frente de emprego - Outra providência que já foi para a votação na Câmara Municipal é a Frente Emergencial de Emprego. “Nosso gestor (Jair Boni) pediu para que criássemos uma frente emergencial para atender em torno de 50 famílias através de emprego na máquina pública”, revela Carmem. O projeto irá envolver todas as repartições é será uma oportunidade para alavancar a vida de mães, pais e jovens carentes, que irão receber meio salário mínimo por 4 horas trabalhadas. “Com isso vamos empoderar essas pessoas, que preferem ter oportunidade para trabalhar e receber o seu dinheiro para comprar seu sustento e pagar suas contas”, avalia.

Também está desenhando um projeto de Jovem Aprendizes, em parceria com o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), para a inserção de jovens no mercado de trabalho. “E já tem empresa se cadastrando, mesmo sem o programa ter começado, disponibilizando vagas para o jovem aprendiz. Outra vitória da gente”, comemora.

Rede informatizada - No entanto, uma das maiores conquistas foi a implementação da plataforma e-SUAS, um programa exclusivo de assistência social, que concentra informações em tempo real de tudo o que está acontecendo na rede. Também foi implantado no Conselho Tutelar e na Apae, "pois a maioria das crianças da Apae também são atendidas por nós. Acabamos com a papelada aqui dentro. Desburocratizamos”, afirma.

No sistema, estão concentradas informações e prontuários de todas as pessoas atendidas, quantas cestas foram doadas, quantos funerais foram realizados, quantas passagens foram expedidas, “sabemos de tudo”, garante. E não somente com relação aos beneficiários, mas também a gestão da própria secretaria, estoque, controle de patrimônio, etc. “Não vou dizer que está 100% por que ainda estamos nos adequando. Vai fazer apenas três meses que estamos com o programa. Primeiro organizamos a vida das pessoas, um controle que pra gente era muito complicado. Mas, hoje, se você buscar atendimento e uma cesta básica no CREAS e, no dia seguinte, tentar o mesmo benefício no CRAS, as assistentes sociais saberão que você já foi atendida. Está tudo interligado, e isso facilita demais o nosso trabalho”.

Assistentes sociais – na linha de frente - A secretária finaliza a entrevista destacando o papel fundamental das assistentes sociais, das equipes do CRAS e do CREAS, que não perderam nenhuma campanha e que enfrentaram toda a pandemia na linha de frente. “Nós aqui da gestão temos muito orgulho das nossas equipes”. E promete que vai continuar com a mão na massa para fazer o bolo crescer para ter mais fatias para distribuir e ampliar o papel da assistência social no município.

Por Cínthia Schmidt