Especialistas alertam para a importância do relato de quem teve reação à vacina contra Covid

Relatar reações adversas às autoridades sanitárias e aos fabricantes é fundamental para aperfeiçoar bulas e até o uso dos imunizantes. É a chamada fase quatro das vacinas.

Por Maria Lúcia Fernandes 06/06/2021 - 14:16 hs
Foto: Reprodução

Quem já tomou vacina pode ajudar a Ciência a avançar mais um pouco no combate à Covid. Relatar reações adversas às autoridades sanitárias e aos fabricantes é fundamental para aperfeiçoar bulas e até o uso dos imunizantes. É a chamada fase quatro das vacinas.

Além da dorzinha da picada, costumam ser poucas e leves as reações depois das vacinas contra a Covid. Alguma dor, um pouco de febre e moleza são reações comuns do corpo a elementos novos que vão estimular o sistema imunológico a combater o coronavírus.

A maioria das reações passa em um ou dois dias e está prevista na bula das vacinas. Mas o que pouca gente sabe é que relatar todas as reações, sejam elas leves, mais fortes ou diferentes do comum, é muito importante para a fase 4 das vacinas, a fase da chamada farmacovigilância.

“A farmacovigilancia é um processo continuo. É um processo continuo e nós fazemos isso rotineiramente para todos os medicamentos registrados na Anvisa, inclusive as vacinas”, diz Suzie Marie Gomes, gerente-geral de Monitoramento de Produtos da Anvisa.

A responsável da Anvisa por esse monitoramento explica que todas as vacinas que estão sendo aplicadas já passaram pelos testes de segurança e eficácia em pequenos e grandes grupos de voluntários. Agora, da aplicação em massa, virá a contribuição para aperfeiçoar ainda mais o programa de imunização.

“A farmacovigilancia também retroalimenta o processo de registro. Então, eventualmente na identificação de eventos adversos novos, eventos adversos raros, contribui para que haja alteração na bula. Novas inclusões ou mesmo restrição de uso ou mesmo uma outra ação sanitária que possa vir a ser identificada, elas vêm a partir do estudo da farmacovigilancia, que vem das notificações”, explica Suzie Marie Gomes.

Foi a partir de investigações da farmacovigilância que o Ministério da Saúde definiu que vacinas usar para grávidas com comorbidades e também a inclusão de reações como enjoo, sonolência e diarreia em bulas.

"Realmente, a fase de farmacovigilancia só é efetiva quando tem participação maciça da população. O certo realmente seria relatar qualquer coisa. Usei o medicamento, usei uma vacina, nas próximas 24horas , 48 horas, até 72 horas, tive alguma coisa que não é normal, isso pode ser uma reação do medicamento ou da vacina. Então, o correto é relatar tudo”, afirma o farmacêutico Leonardo Pereira, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.

Os fabricantes têm obrigação legal e contratual com a farmacovigilância de relatar reações adversas. Por isso tem espaço em seus sites para que os vacinados relatem tudo o que acharem necessário. Serviços e profissionais de saúde também podem e devem contribuir. Além dos canais dos fabricantes e do Ministério da Saúde, a Anvisa recebe os relatos na plataforma VigiMed.

Quem teve Covid depois da vacina também deve notificar. Foi o caso do Seu João, que ficou três dias internado depois de ter tomado a primeira dose. Segundo o filho, a vacina ajudou muito.

“Ele tem problema cardíaco, já tem 85 anos. Então já está debilitado”, diz Maurício Gonçalves, filho do Seu João.

Os epidemiologistas lembram que a chance de alguém vacinado pegar Covid é muito menor do que a das pessoas que não foram vacinadas, e que a proteção máxima só é alcançada quando a quantidade de vacinados impede a circulação do vírus.

A farmacovigilância do Ministério da Saúde registra 46 mil de casos de Covid depois da primeira dose, número que despenca para 3.600 casos depois da segunda dose. Casos, que assim como as reações, devem continuar sendo relatados mesmo diante do alívio de cada injeção dessas.

“É aquela história que a gente fala: ‘estou recebendo a vacina e ainda vou reclamar?’. Mas não é uma reclamação. A população está nos ajudando a conhecer um pouco mais os medicamentos, a conhecer um pouco mais as vacinas”, afirma o farmacêutico Leonardo Pereira.

As vacinas, que na imensa maioria dos casos evitam doença grave e morte, foram fruto de um grande esforço da Ciência. Agora, chegou a vez de cada um de nós ajudar a aperfeiçoar a maior esperança de acabar com a pandemia.

Veja onde relatar reações às vacinas: